Na última terça-feira (20), o Espírito Santo bateu o recorde de mortes por Covid-19 registradas no painel do governo estadual em 24 horas, com 116 vidas perdidas para a doença.
Quando comparamos as mortes pelo coronavírus com outros tipos de doenças, os números são ainda mais alarmantes.
Mais de 3.500 capixabas perderam a batalha contra a Covid-19 em 2021. Só nos dois primeiros meses do ano, o vírus já matou mais que do que a soma das mortes provocadas por câncer, infarto, acidentes de trânsito, Aids e tuberculose.
O subsecretário de Saúde do Espírito Santo, Luiz Carlos Reblin, alertou sobre o aumento de mortes, principalmente entre os mais jovens.
“O Espírito Santo tem uma média de 24 mil mortes sem contar Covid-19, por ano. No ano passado, nós tivemos mais de 27 mil mortes. O que acresceu foi a Covid. E neste ano mais uma vez a Covid disparada, é a causa isolada do maior número de mortes. As pessoas precisam compreender isso, e não é mais só idosos. O percentual de jovens que já morreram, e que infelizmente ainda vão morrer pela doença está aumentando”, disse.
Nos dois primeiros meses de 2021, 739 pessoas morreram de câncer no estado. Outras 86 perderam a vida no trânsito e 301 não resistiram ao infarto. Segundo o subsecretário, estamos no pior momento, desde que a pandemia começou, há mais de um ano.
“Essa terceira onda é a mais crítica em número de casos. Houve um adoecimento muito grande da população, o número de casos graves está muito alto. Infelizmente, abril deve ser o mês que mais pessoas até este momento desde o começo da pandemia, irão a óbito aqui no estado do Espírito Santo”, explicou o secretário.
A Covid-19 também foi a principal causa de mortes do ano passado. Em 2020, o novo coronavírus matou 5.112 capixabas.
Na Grande Santo Antônio, em Vitória, já foram registradas 110 mortes pela Covid-19, e ainda tem gente desacreditando da pandemia. Porém, o funcionário público Edmilson Pereira destacou uma mudança de mentalidade em sua comunidade após as perdas de parentes e amigos para a doença.
“Fizemos um trabalho de conscientização e graças a Deus, hoje já é uma outra realidade. As pessoas se conscientizaram, apesar de que no dia a dia nós continuamos ainda perdendo entes queridos, isso é muito triste. Mas a nossa comunidade está seguindo os protocolos”, afirmou.
Edmilson Pereira e Carlos Barata perderam o amigo Carlos Alberto para a Covid-19
Alguém que teve a Covid-19, sobreviveu e pode contar a sua história de vida é aposentado Carlos Barata, que é líder comunitário do bairro Caratoíra, em Vitória. O Barata teve a doença no ano passado, bem no início da pandemia, quando o vírus ainda era bem desconhecido. Lembra como se fosse hoje dos dias internados.
“Fiquei com muito medo de morrer devido à solidão, a gente fica triste, sozinho, querendo falar com os filhos, com a mulher e não consegue. E aquela falta de ar, aquela ânsia, parece que está se afogando. Essa doença é muito difícil, eu fiquei oito dias na UTI e quase fui entubado”, revelou.
Quem não deu a mesma sorte foi o amigo do Barata e do Edmilson. Aos 58 anos, o Carlos Alberto entrou na triste estatística da Covid-19.
“Um homem saudável, com muita saúde e infelizmente esse vírus chegou até ele, e ele não resistiu e veio a óbito”, afirmou Edmilson.
“Essa doença voltou agora com mais força, e está levando amigos da gente, pessoas queridas e que a gente não esperava, pessoas fortes, que tinham vitalidade, que acordavam de manhã cedo e cinco horas da manhã já estavam na rua andando, ativos. Aqui no nosso bairro estamos perdendo muitas pessoas”, finalizou Barata.