O município de Ecoporanga, no extremo Noroeste do Espírito Santo, é que está mais distante da capital do Estado (a sede fica a 330km, mas no extremo, nos limites com Nanuque (MG), chega a mais de 390km de distância), vive uma situação de isolamento, como costumam denunciar políticos regionais, gerando demandas de investimentos do governo para reparar as distorções, mas é por lá que os vereadores andam dando sinais de “riqueza”.
Pelo menos a se considerar a última deliberação dos “representantes do povo”. Conforme noticiado pelo site Gazeta do Norte, depois de o Governo do Estado anunciar abono de R$ 1,5 mil para os servidores do Executivo, os vereadores de Ecoporanga aprovaram um abono de R$ 2 mil para os servidores efetivos, comissionados e inativos, da Câmara Municipal.
O projeto foi levado ao Plenário na sessão de segunda-feira, 26 de novembro, e aprovado por unanimidade. Segundo a assessoria de comunicação da Câmara, o pagamento será apenas para servidores e que os vereadores não vão receber o benefício, num município cujo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é um dos mais baixos do Espírito Santo.
POBREZA
Ecoporanga compõe o chamado “bolsão de pobreza” capixaba, formado por municípios dos extremos Norte e da divisa com Minas Gerais. Enquanto o índice de Vitória, o 1º colocado do Estado, é 0,805 colocando a cidade entre as de melhores índices do País, o de Ecoporanga é de apenas 0,562, o que o coloca como o 63º colocado no Estado.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um dado utilizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para analisar a qualidade de vida de uma determinada população.
Os critérios utilizados para calcular o IDH são Grau de escolaridade (média de anos de estudo da população adulta e expectativa de vida escolar, ou tempo que uma criança ficará matriculada), Renda (renda bruta per capita, baseada na paridade de poder de compra dos habitantes. Esse item tinha por base o PIB (Produto Interno Bruto) per capita, no entanto, a partir de 2010, ele foi substituído pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita, que avalia praticamente os mesmos aspectos que o PIB, no entanto, a RNB também considera os recursos financeiros oriundos do exterior) e Nível de saúde (baseia-se na expectativa de vida da população, reflete as condições de saúde e dos serviços de saneamento ambiental).
O Índice de Desenvolvimento Humano vai de 0 a 1 e a média do Brasil é de 0,699 e o País ocupa o 73º no ranking mundial. A liderança mundial é da Noruega com índice 0,944. O Pais latino-americano mais bem colocado é a Argentina, em 40º lugar, com 0,836. O Espírito Santo é o sétimo melhor IDH do Brasil, com 0,802, atrás de Distrito Federal – 0,874, Santa Catarina – 0,840, São Paulo – 0,833, Rio de Janeiro – 0,832, Rio Grande do Sul – 0,832 e Paraná – 0,820.
O IDH de Ecoporanga, cuja Câmara está dando R$ 2 mil de abono aos seus servidores, é considerado pela ONU como no limite do médio para baixo desenvolvimento humano, comparando-se ao de países como Camboja, São Tomé e Príncipe, Quênio e Nepal. O país africano Niger tem o pior índice do mundo: 0,388.
Num jogo de retórica, a assessoria da Casa lembra da “importância dos colaboradores para a Casa e diz que o abono já havia chegado a R$ 1,5 mil em anos anteriores”. Para 2018, o benefício será repartido de maneira igualitária entre os funcionários.
A Lei foi aprovada após reuniões administrativas e estudos técnicos, contábeis e jurídicos que subsidiaram o benefício, após “economizar o ano inteiro o seu orçamento”, segundo a Mesa Diretora, presidida pelo vereador Robério Pinheiro Rodrigues (PSDB). O benefício em forma de gratificação extra de R$ 2 mil será dada apenas aos servidores do Legislativo, e não os do Executivo.
Traduzindo, Ecoporanga compõe o chamado “bolsão de pobreza” capixaba, o índice de desenvolvimento humano em Ecoporanga é considerado pela ONU como no limite do médio para baixo desenvolvimento humano, isso faz com que as pessoas migrem para outras cidades, em busca de melhores condições de trabalho.